Mais tarde reconheceu-se que a cesta e prancheta nada mais eram do
que apêndices da mão, o médium, tomando diretamente o lápis, pôs-se
a escrever por um impulso involuntário e quase febril. Por esse meio as
comunicações se tornaram mais rápidas, mais fáceis e mais completas:
é esse, hoje, o meio mais comum, tanto que o número de pessoas
dotadas dessa aptidão é bastante considerável e se multiplica dia a dia.
A experiência, por fim, tornou conhecidas muitas outras variedades da
faculdade mediúnica, descobrindo-se que as comunicações podiam
igualmente verificar-se através da escrita direta dos Espíritos, ou seja,
sem o concurso da mão do médium nem do lápis.
Verificado o fato, um ponto essencial restava a considerar: o papel do
médium nas respostas e a parte que nelas tornava, mecânica e
moralmente. Duas circunstâncias capitais, que não escapariam a um
observador atento, podem resolver a questão. A primeira é a maneira
pela qual a cesta se move sob a sua influência, pela simples imposição
dos dedos na borda; o exame demonstra a impossibilidade de o
médium imprimir uma direção à cesta. Essa impossibilidade se torna
sobretudo evidente quando duas ou três pessoas tocam ao mesmo
tempo na mesma cesta; seria necessário entre elas uma concordância
de movimentos realmente fenomenal; seria ainda necessária a
concordância de pensamentos para que pudessem entender-se sobre a
resposta a dar. Outro fato, não menos original, vem ainda aumentar adificuldade. É a mudança radical da letra, segundo o Espírito que se
manifesta e a cada vez que o mesmo Espírito volta, repetindo-a, Seria
pois necessário que o médium se tivesse exercitado em modificar a
própria letra de vinte maneiras diferentes e, sobretudo, que ele pudesse
lembrar-se da caligrafia deste ou daquele Espírito.
A segunda circunstância resulta da própria natureza das respostas, que
são, na maioria dos casos, mormente quando se trata de questões
abstratas ou científicas, notoriamente fora dos conhecimentos e há
vezes do alcance intelectual do médium. Este, de resto, em geral não
tem consciência do que escreve e por outro lado nem mesmo entende a
questão proposta, que pode ser feita numa língua estranha ou
mentalmente, sendo a resposta dada nessa língua. Acontece, por fim,
que a cesta escreve de maneira espontânea, sem nenhuma questão
proposta, sobre um assunto absolutamente inesperado.
As respostas, em certos casos, revelam um teor de sabedoria, de
profundeza e de oportunidade; pensamentos tão elevados e tão
sublimes, que não podem vir senão de uma inteligência superior,
impregnada da mais pura moralidade. De outras vezes são tão levianas,
tão frívolas, e mesmo tão banais que a razão se recusa a admitir que
possam vir da mesma fonte.
Essa diversidade de linguagem não se pode explicar senão pela
diversidade de inteligências que se manifestam. Essas inteligências
sãos humanas ou não? Este é o ponto a esclarecer e sobre o qual seencontrará nesta obra a explicação completa, tal como foi dada pelos
próprios Espíritos.
Eis, portanto, os efeitos evidentes que se produzem fora do circulo
habitual de nossas observações; que não se passam de maneira
misteriosa mas à luz do dia; que todos podem ver e constatar; que não
são privilégios de nenhum indivíduo e que milhares de pessoas repetem
à vontade todos os dias. Esses efeitos têm necessariamente uma causa
e desde que revelam a ação de uma inteligência e de uma vontade,
saem fora do domínio puramente físico. Muitas teorias foram formuladas
a respeito. Passaremos a examina-las dentro em pouco e veremos se
podem tornar compreensíveis todos os fatos produzidos. Admitamos por
enquanto a existência de seres distintos da humanidade, pois é essa a
explicação dada pelas inteligências que se manifestam, e vejamos o
que eles nos dizem.