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Os meios de subsistência faltam freqüentemente a certos indivíduos, mesmo em meio da abundância que os cerca; a que se deve ligar esse fato?

Ao egoísmo dos homens que nem sempre fazem o que devem; em seguida, e o mais freqüentemente, a eles mesmos. Buscai e achareis; estas palavras não querem dizer que seja suficiente olhar para a terra a fim de encontrar o que se deseja, mas que é necessário procurar com ardor e perseverança, e não com displicência, sem se deixar desanimar pelos obstáculos que muito freqüentemente não passam de meios de pôr à prova a vossa constância, a vossa paciência e a vossa firmeza. (Ver item 534.)

Comentário de Kardec: Se a civilização multiplica as necessidades, também multiplica as fontes de trabalho e os meios de vida; mas é preciso convir que nesse sentido ainda muito lhe resta a fazer. Quando ela tiver realizado a sua obra. ninguém poderá dizer que lhe falte o necessário, a menos que o falte por sua própria culpa. O mal, para muitos, é viverem uma vida que não é a que a Natureza lhes traçou; é então que lhes falta a inteligência para vencerem. Há para todos um lugar ao sol, mas com a condição de cada qual tomar o seu e não o dos outros. A Natureza não poderia ser responsável pelos vícios da organização social e pelas conseqüências da ambição e do amor-próprio.

Seria preciso ser cego, entretanto, para não se reconhecer o progresso que nesse sentido têm realizado os povos mais adiantados.

Graças aos louváveis esforços que a Filantropia e a Ciência, reunidas, não cessam de fazer para a melhoria da condição material dos homens, e malgrado o crescimento incessante das populações, a insuficiência da produção é atenuada, pelo menos em grande parte, e os anos mais calamitosos nada têm de comparável aos de há bem pouco tempo. A higiene pública, esse elemento tão essencial da energia e da saúde, desconhecido por nossos pais, é objeto de uma solicitude esclarecida; o infortúnio e o sofrimento encontram lugares de refúgio; por toda parte a Ciência é posta em ação, contribuindo para o acréscimo do bem-estar. Pode-se dizer que atingimos a perfeição? Oh!, certamente que não. Mas o que já se fez dá-nos a medida do que pode ser feito, com perseverança, se o homem for bastante sensato para procurar a sua felicidade nas coisas positivas e sérias e não nas utopias que o fazem recuar em vez de avançar.